És morte e és vida
És morte e és vida
Jorge Linhaça
Se long'eu viver de tal formosura
A morte será por certo bem-vinda
Pois sem vossa luz o resto é clausura
E sem vossa voz o canto se finda
Podeis encetar que seja loucura
Podeis hora crer que seja má sina
Mas que posso eu contra tal agrura
Se tu'ausência minh'alma fulmina?
Que venha-me, pois, a dama sombria
E me carregue no seu negro manto
Para bem longe de tal sofrimento
Mas se vos vejo, minha luz do dia
Em um instante se seca meu pranto
Transforma-se a dor no mais puro alento
Salvador, 15 de março de 2012