JANELAS NAS TARDES III

Da minha vasculho parapeitos dos prédios,

Nada vejo em minha procura por alguém,

Só cortinas voando, pombos em assédios

E uma velha só, a conversar com ninguém.

Será esse mesmo vazio que lhe persiste?

Penso e proponho a não mais pensar assim,

Meu tempo é outro, minha lucidez existe,

Mesmo sem saber por que à janela vim.

Mas por que nesse apartamento eu me acosso

A olhar janelas – o que por trás se esconde?

Quando pelas calçadas mais que isso eu posso.

Responder, não sei – divago sobre amplidões

E dos mistérios que a vida nunca responde,

Mas tanto insiste no prazer das ilusões.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 14/03/2012
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