Retirantes
A seca que trincou os sonhos seus
deixando o chão da alma em mil pedaços,
estilhaçou seu ser, desfez seus laços,
restando-lhe partir, dizer adeus...
Os sonhos seus, matéria das quimeras,
a seca estilhaçou. Restou-lhe o nada
além da sede, a fome e a longa estrada,
um tempo triste, feito só de esperas.
Nada restou de seu mirrado gado,
de seus jardins, das roças vicejantes,
a seca lhe secou até o pranto.
Restou-lhe só saudade do passado
e a sina de milhões de retirantes,
que nesses tristes versos hoje canto.
Brasília, 14 de Março de 2012.
Livros:
Sonetos Diversos, pg. 97
Cantos de Resistência, pg. 67
(Imagem - Portinari, 1944 - Retirantes)
A seca que trincou os sonhos seus
deixando o chão da alma em mil pedaços,
estilhaçou seu ser, desfez seus laços,
restando-lhe partir, dizer adeus...
Os sonhos seus, matéria das quimeras,
a seca estilhaçou. Restou-lhe o nada
além da sede, a fome e a longa estrada,
um tempo triste, feito só de esperas.
Nada restou de seu mirrado gado,
de seus jardins, das roças vicejantes,
a seca lhe secou até o pranto.
Restou-lhe só saudade do passado
e a sina de milhões de retirantes,
que nesses tristes versos hoje canto.
Brasília, 14 de Março de 2012.
Livros:
Sonetos Diversos, pg. 97
Cantos de Resistência, pg. 67
(Imagem - Portinari, 1944 - Retirantes)
15/03/2012 21:54 - oklima
Seguindo os passos da poeta Edir Pina de Barros, após os aplausos meus:
LUAR NO SERTÃO
Odir Milanez
Lua bonita, que do céu clareia a estrada,
qual guia-estrela do caminho pra Jesus,
leva-me as latas para encher n'alguma aguada,
faz que eu não marque mais um filho com uma cruz!
Mandacaru tá floreando... e chuva, nada!
Lua, sangrando na caatinga os corpus nus,
diz a São Jorge dessa seca prolongada,
e pela estrada para as águas nos conduz!
Da palma brota o fruto. É sangue quente,
como se fora dos sedentos a semente
que, se plantada, há de nos dar novo destino!
Lamas pedrosas, cacto cavo, rubescente...
Ó lua branca, manda um rio para a gente!
Do São Francisco manda um braço nordestino!
JPessoa/PB/ oklima/
Um verdadeiro soneto: escutei sua música
LUAR NO SERTÃO
Odir Milanez
Lua bonita, que do céu clareia a estrada,
qual guia-estrela do caminho pra Jesus,
leva-me as latas para encher n'alguma aguada,
faz que eu não marque mais um filho com uma cruz!
Mandacaru tá floreando... e chuva, nada!
Lua, sangrando na caatinga os corpus nus,
diz a São Jorge dessa seca prolongada,
e pela estrada para as águas nos conduz!
Da palma brota o fruto. É sangue quente,
como se fora dos sedentos a semente
que, se plantada, há de nos dar novo destino!
Lamas pedrosas, cacto cavo, rubescente...
Ó lua branca, manda um rio para a gente!
Do São Francisco manda um braço nordestino!
JPessoa/PB/ oklima/
Um verdadeiro soneto: escutei sua música