JANELAS NAS TARDES II
Minhas imaginações perfuram janelas;
Pintam licenciosidades, obstinações,
Mesclam lençóis com corpos nus nas aquarelas
E lábios carmins lambuzando os colchões.
Abrem cortinas que se põe em sentinela,
Batem às portas das alcovas, sem licença,
Toma o pincel e de nudez todas pincela
Côncavos, convexos, em sua fome intensa.
De janela em janela elas vão adentrando,
Em todas elas pintam quadros masoquistas
E vê na tela corpos auto-desejando.
As tardes desabrocham ânsias no poeta
Inflando febres e ardências fetichistas
Pelos delírios da sua mente irrequieta.