JANELAS NAS TARDES II

Minhas imaginações perfuram janelas;

Pintam licenciosidades, obstinações,

Mesclam lençóis com corpos nus nas aquarelas

E lábios carmins lambuzando os colchões.

Abrem cortinas que se põe em sentinela,

Batem às portas das alcovas, sem licença,

Toma o pincel e de nudez todas pincela

Côncavos, convexos, em sua fome intensa.

De janela em janela elas vão adentrando,

Em todas elas pintam quadros masoquistas

E vê na tela corpos auto-desejando.

As tardes desabrocham ânsias no poeta

Inflando febres e ardências fetichistas

Pelos delírios da sua mente irrequieta.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 13/03/2012
Código do texto: T3551631