À Janela
Junto à janela, olhando a rua,
cumpro esse ritual que é diário,
quando sutil a noite se insinua
e o sol dá por findo seu horário.
Quero ver você surgir na esquina
como faz todo dia, na hora certa,
hoje apressada, sob a chuva fina
que o meu coração mantém alerta.
O ocaso se detém, à sua espera,
e até eu aqui, sem ter mais nada,
só trago no coração essa quimera.
E mesmo depois que você passa,
outro sol mantém a rua iluminada:
o meu amor, refletido na vidraça.