Em Tarde Surreal

*

Travo-me no tempo, assim suspenso

Num quase vazio, no beiral do céu,

Que não há dia nem noite, nem luz, nem breu

E nem abstracto parece o que penso.

Ao alhear da realidade sou propenso

E embarco na nave do sonho meu

Que se dispara ao mais alto apogeu,

Tão etéreo, envolto em nevoeiro denso.

Disperso o corpo em tantas direcções,

Acervo d'átomos em colisões

Tremendas com os portais do infinito.

Desintegro-me, de volta ao começo,

Que mais uma criatura não pareço;

Não respiro, não sinto, nem cogito.

Adrianus
Enviado por Adrianus em 10/03/2012
Reeditado em 10/03/2012
Código do texto: T3545737