PARA OS DIAS ATRIBULADOS
Quando estiverdes em dias atribulados
cantai uma cantiga ao silêncio
e um pássaro pequeno pousará
na vítrea janela do vosso quarto.
Pegai um livro nesses dias tristes,
andai descalços nas calçadas nuas,
a alma toda fluirá do frasco
que é o vosso corpo sepulcral.
Regai a manhã com a água pura
do cântaro azul do infinito.
Ride ao velhinho curvado na estrada
na solidão do dia espectral.
Cantai uma cantiga ao silêncio
quando estiverdes em dias atribulados.