Noite Miserável

*

Tredo luar qu'assoma por entre a cortina

Espavora a penumbra no meu rosto

Onde rasteja tremendo desgosto,

Onde a tristeza é um verme que rapina.

Nasci de um sujo parto, de má sina,

Naquele fatídico mês de Agosto

À luz enegrecida do sol-posto,

Talvez ao relento, e numa esquina.

As flores no vaso lembram-me escarros

Coloridos suspensos em agonia,

Envoltos pelo fumo dos cigarros.

Praguejo ao mundo com negro desdém

E execro eternamente a luz do dia,

Que a minh'alma já rasteja no além.

Adrianus
Enviado por Adrianus em 09/03/2012
Reeditado em 09/03/2012
Código do texto: T3543940