A REVOLTA

“Se cortam tuas pernas, te mutilam,

prossegue, não desiste, arrasta ao chão...

E se calúnias vis vêm, te aniquilam,

acende, com teus atos, teu clarão...

Se acaso injúrias torpes te fuzilem,

perdoa, beija, afaga, abranda o mal,

que assim farás que sortes se perfilem,

cobrindo em cor e luz o teu real...

Não compadeças tu da própria dor,

extirpa o fluido amargo em teu sabor

e ao fim verás que o doce permanece”...

Ditames tais que um dia recebi...

Mas maltratado, manco, eu não ouvi,

pois a revolta aleija, ela ensurdece.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 08/03/2012
Reeditado em 08/03/2012
Código do texto: T3542000
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