A REVOLTA
“Se cortam tuas pernas, te mutilam,
prossegue, não desiste, arrasta ao chão...
E se calúnias vis vêm, te aniquilam,
acende, com teus atos, teu clarão...
Se acaso injúrias torpes te fuzilem,
perdoa, beija, afaga, abranda o mal,
que assim farás que sortes se perfilem,
cobrindo em cor e luz o teu real...
Não compadeças tu da própria dor,
extirpa o fluido amargo em teu sabor
e ao fim verás que o doce permanece”...
Ditames tais que um dia recebi...
Mas maltratado, manco, eu não ouvi,
pois a revolta aleija, ela ensurdece.