Audaz Viajante
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Assento-me, pensativo, nas escadas
Qu'ascendem ao santuário da saudade.
De subi-las é mui escassa a vontade,
Antes deambular por ermas estradas,
Ou prados, sonhando vidas douradas,
Afastado da balbúrdia da cidade;
Ventos de ventura, de suavidade
Assoprando menta nas madrugadas.
Não. Que se dane a saudade. Lembrar,
Lembrar o tanto que se quis amar
E depois o ruir do céu de quem sonha.
À estrada rumarei, audaz viajante,
Gozando a liberdade por amante,
Com face acesa, dourada e risonha.