Globo de Cristal
*
São os mesmos olhos, com outro esplendor.
Como o brilho das estrelas distantes
Que tiritam, tímidas, inconstantes,
Por sofrerem, em silêncio, de amor.
Ao vê-la, sinto no peito alguma dor,
Um desânimo sentido nunca antes,
Quando éramos tão noviços amantes
E cada beijo o aroma de uma flor.
Chovem lágrimas neste coração.
Relampeja, ensurdece o trovão
E a cabeça rodopia em espiral.
Eu amo-a. Como jamais amarei alguém.
E ela? Talvez amor! Talvez desdém!
E o futuro num globo de cristal.