Amiga Morte

Amiga Morte

Jorge Linhaça

Ah, morte amiga, por que a demora

de vir livrar-me deste meus fastio

deixa-me partir, sem ver a aurora

De minha alma apaga o pavio

Vê-de que o vate agora t'implora

Deixa Caronte levar-me no rio

Pois nada eu tenho que valha penhora

Jaz o meu estro de todo vazio

Vem, ó senhora, e dá-me teu beijo

Deixa este corpo se arrefecer

Cumpre agora este meu desejo

Pois não me resta mais nada o que ser

Se já não creio nas coisas que vejo

Dá-me outras coisas que eu possa ver