ALMA CATIVA
ALMA CATIVA
Um quê indizível em meu corpo habita
Preso à matéria sem poder fugir,
Mas não se sofre em limitar-se nela;
Busca as alturas, o céu atingir.
E assim, qual ave presa na gaiola,
Bate e se agita num esforço vão,
Sonha com estrela e mais e mais se atola
Na imunda lama infecta pelo chão.
Da carne ao peso vê-se subjugada
A alma que aspira, em voos altaneiros,
Fazer mil coisas pelo bem na terra.
E, nesta luta de incessantes quedas,
Novos arrojos tenta sobranceiros
Até livrar-se da prisão que a encerra.