Estio
Edir Pina de Barros

Esvaíram-se as águas de meu rio,
vazio está seu leito, exposta a areia,
cheia de lodos – mágoas – tão sombrio,
fastio na alma, estreito nó na veia;

teia de folhas mortas no baixio,
espio, mas minh’alma nada anseia,
- sereia, com a vida por um fio –
vazio que ninguém põe fim ou peia.

Volteia, pela alfombra, fugidio,
vadio, sem fulgor da intensa cheia,
coleia no chão quente, em desvario.

Estio n’alma! Tudo se escasseia!
Alheia à minha dor – interno frio –
vigio a minha sombra, que pranteia.
 
Brasília, 6 de Março de 2012.

Livro: Poesia das Águas, pg. 98
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 06/03/2012
Reeditado em 18/07/2020
Código do texto: T3538228
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