Bem-vinda, ó Vida

Bem-vinda, ó Vida

Jorge Linhaça

Sê-de bem-vinda, dileta amiga

A quem já o sol me trouxe outra vez

Se hoje a morte seu labor não fez

Que venha o estro formando as espigas

Se de Caronte, no barco eu não siga

Eis que me falte um verso, talvez

Pra dar relevo à minha pequenez

E venha Apolo levar-me na biga

Se hoje no céu o astro-rei rebrilha

Talvez não seja por mero acaso

Quem sabe esteja marcando a trilha

A indicar-me o céu do Parnaso

Com a Aurora que é sua filha

para levar-me, enfim, no ocaso

Salvador, 6 de março de 2012