Desejo Proibido
*
Tal lividez funérea, que a lua inveja,
De um corpo nu, em esquife fosfóreo,
Excita o olhar do amante, em velório
Num recanto penumbroso da igreja.
Nos lábios roxos tão de leve a beija
À luz débil do círio merencório,
E é tal o seu anseio, proibido, notório,
Que recua logo antes que tarde seja.
Uma lágrima de amor vai rolando
No peito dela, que parece arfando,
Como se à vida quisesse voltar.
Um último olhar. Um último adeus.
Alma tão pura elevando-se aos céus
E camélias do caixão a despontar.