De pobreza, paixão e poesia
De pobreza, paixão e poesia
======================ErdoBastos
Era um pobre apaixonado, e só vagava...
O olhar indo semiperdido ao horizonte.
Um par de fundas rugas a meia fronte
a contar o muito que por aqui andava.
E de viver da alma somente aparentava,
posto ser ela, de sua paixão alimento e fonte,
parecia não ter mais nada - há quem o conte -
e que sequer com o corpo se preocupava.
Rabiscava uns versos que aos brados lia
e varando noite a dentro, alto os repetia...
Tal se na voz buscasse a palavra correta.
E de tão só que era, o pobre apaixonado,
por só saber da alma, corpo abandonado
amou como poucos e morreu como poeta.