O POETA

Há quem veja no verso um negócio de louco,

mas, ai da humanidade, ai de nós - de nós todos,

se o mundo não tivesse um punhado de doudos,

a adoçá-lo de riso, a iluminá-lo um pouco.

É sublime esse louco - esse que grita, e rouco,

ainda mais grita e clama, apesar dos apodos,

que lançam sobre si, dos terríveis engodos

tentando demovê-lo a pontapé e a soco.

Creio no louco assim, que lança e espalha a luz,

e trabalha com alma o fel, o cravo, a cruz

do próprio sacrifício em nome da cultura.

Esse há de redimir o mundo do pecado

que gera a escravidão, e um dia, aureolado,

há de subir ao céu - criador e criatura...