TYMBRA

TYMBRA I (3 DEZ 11)

Não te interessa, mulher, o espalhafato

Que faço em meus poemas e canções,

Bem alheias a mim tuas emoções,

Que se dividem no sensual e no recato.

Estás comigo, às vezes, mas de fato,

Tua mente busca estranhas ilusões,

Oscilando entre apatia e exaltações,

Em que figuro apenas por contato,

Eu que penso tanto em ti, eu, insensato,

Em esperar de ti igual centrismo:

São outros teus valores nesta vida...

Quando me lembras, então, é pelo exato

Período em que cochila o solipsismo,

Breve sorriso já anunciando a despedida...

TYMBRA II

Não sou parte de ti, mas assim pensas

E só me aceitas quando tens vontade.

Sempre percebo, assim, sinceridade;

Caso não queiras, com palavras tensas

Deixas bem claro as emoções intensas

Que manifestas em plena integridade

E aos poucos, acumulas a saudade

Nas fraldas sujas de sensações imensas.

É como se vivesses no passado

E raramente vivenciasses o presente,

Essa esteira rolante do futuro...

Enquanto nem percebes que, a teu lado,

Eu me encontro, pouco a pouco mais descrente

De partilhar de teu destino obscuro...

TYMBRA III

Pois nunca sei, de fato, o que me espera

Quando te acordas, na manhã seguinte,

Qual o tipo de emoção que tem acinte,

Qual a voz, se é suave ou deblatera...

Não acredito que a única que gera

Essa incerteza sejas tu, seguramente,

Mas de outras me afastas, impaciente,

Nessa suspeita de encontrar outra megera.

Porém tu, que te assentas nos meus sonhos,

Ficas, às vezes, inteira complacente,

Enquanto em outras até me desconheces...

E continuo a nutrir os meus bisonhos

Expectares cristalinos, de dolente

Incenso de carinho igual que preces.

TYMBRA IV

Nem sei porquê ainda escrevo versos

Deste idiótico, mediúnico teor,

Quem se importa jamais com tal amor

Escravizado perante lábios tersos?

Meus sonhos macambúzios são imersos

Na indiferença que não se faz calor,

Salvo momentos de inesperado ardor,

Em que me afogo em teus lagos dispersos,

Não em lágrimas e nem de exalação,

Mas compostos de mil personalidades,

Cujos caprichos mal posso acompanhar

E nada timbra inteira aceitação

Do que fiz, do que sou, em minhas verdades,

Que só a mim poderão interessar.

William Lagos
Enviado por William Lagos em 04/03/2012
Código do texto: T3534384
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