MEU QUERIDO PAI
(Pedro Candelária)
... e ele expirou, silente nos meus braços!
Era tardinha... rubro. O sol morria!...
Sai chorando, co’a alma em mil pedaços,
Para falar com Deus... que agonia!...
Olhei lá pras alturas dos espaços
E perguntei, baixinho co’ironia!...
Onde estais Vós, Senhor dos mundos lassos,
Incrustado nos céus da fantasia?
Depois... ouvi, maravilhado e pasmo,
Uma voz cheia de entusiasmo:
“Não blasfemeis, meu filho... relaxai.
Eu estava sozinho e compreendera,
Ali, enquanto a noite já descera,
Ouvir a voz de meu finado Pai!
Salé, novembro de 1998