Homem de Triste Sina
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Deixem as rosas florir no Inverno
Para que os meus olhos, mais que turvados,
Sejam pela última vez agraciados
Por tal beleza, tal aroma eterno.
Que venha a brisa, de tão suave e terno
Sussurrar, dizer-me que os meus pecados
Já foram pelo Altíssimo perdoados,
Pois que já vislumbro os portões do Inferno.
Por último, num acto derradeiro,
Ajoelho no altar, como um cordeiro,
Tão à mercê da lâmina divina.
Já nada tenho. Nem vida, tampouco.
Fui sonhador, um descrente, um louco,
Um homem perdido, de triste sina.