Beijos em Ruínas
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Eu olhar-te não quero. Nem de soslaio.
Não por desprezo, ódio ou rancor,
Mas porque o peito extravasa d'amor
E eu sou, tão-somente, teu vil lacaio.
O mundo floresce ao cantar do gaio.
Papoilas vermelhas no prado em flor
E os olhos teus, de raríssima cor,
Glorificam as belezas de Maio.
Nem a tua voz, musical, encantada,
Faz-me assomar a cabeça dos ombros,
Ou d'ermos trilhos desviar a passada.
Adeus, amor meu. Para sempre adeus,
Que a minha vida é castelo em escombros,
Em ruínas caem beijos nos lábios teus.