GALA

O silêncio conversa a sós comigo;

conhece a voz que sabe, mas se cala.

As luas giram roucas, sem perigo,

enfeitam-se as estrelas para a gala.

O céu, de um brilho tolo e muito antigo,

esquece a pertinência de uma escala

e diz: – A imensidão é meu castigo!

E a vida, haverá meios de imitá-la?

Aquém dessa cortina de poeira,

a cósmica poeira trás o espaço,

instila-se um vazio estranho e denso.

Persigo uma palavra – ela se esgueira.

Remendo a sombra nua do que faço

e morro a inanição de um mundo denso.

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