A Vida
(Para Bárbara)
A vida, meu amor, é uma doença
É um réquiem que acompanha teus encantos,
Mascaram-se nas flores os teus prantos
E caem teus sonhares na descrença.
O tempo que nos resta é uma presença:
Fraqueja e geme, como muitos tantos...
Em pobres e hediondos desencantos
Arrasta-nos ao fim de uma sentença.
Que resta-nos, então, que não perdemos
No agouro da genética má sorte?
Pois logo após o instante que nascemos
Não há momento algum que nos conforte
E, por ventura, o muito que teremos
Será somente a solidão da morte.