Eu, a Noite e o Corvo

Eu, a Noite e o Corvo

Jorge Linhaça

Chega a noite, a mente se esvai

fico no limbo tentando pensar

Só o que ouço são estes meus ais

Qual o lamento das ondas do mar

Hoje os meus versos são filhos sem pai

descendo à terra num fio de luar

Só ouço um corvo dizer: nunca mais!

E mal as linhas consigo traçar

Hoje me escoa a vida dos dedos

morrem os versos no seu nascedouro

Já não me contam as musas segredos

Juntam-se as aves do meu mau agouro

E o meu estro despede-se cedo

Nega, ao soneto, a chave de ouro