Pássaro artesão

Todo poeta é parte asa e parte chão.

Sou asa quando sonho que perdoo

todos os crimes e até me afeiçoo

e trato ao infortúnio como irmão.

Quando traço o poema sou a mão.

No pensamento inquieto eu alço voo,

depois volto e as rimas abotoo

e lhes ato o fecho da pontuação.

Sou asa e mão e este meu canto entoo,

sem distinguir o real da sensação

mesmo no que defendo e apregoo.

Nesse embate entre a mente e o coração

eu próprio então me alegro e me magoo.

Todo poeta é um pássaro artesão.

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 24/02/2012
Código do texto: T3517668
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