Psicose barroca III
Fulgurante estrela apática e sólida,
cegante engenho fútil em mãos tão frias,
disfarça a morte em sua tez tão pálida,
apodrecida já, passados dez dias.
A musa envolta em seda de papel branco,
queimou na ponta os meus dedos gélidos.
Com eles do cadáver o anel arranco,
para comprar musas e papéis pálidos.
Cadáver útil é cadáver bem morto,
que não tolda o som de minha lira doida,
que dá o anel quando estou pra voltar à razão.
Lasque-se o equilíbrio da composição.
Sobe a fumaça como música afoita,
repousa aos pés o já amarelo corpo.