Psicose barroca III





Fulgurante estrela apática e sólida,
cegante engenho fútil em mãos tão frias,
disfarça a morte em sua tez tão pálida,
apodrecida já, passados dez dias.

A musa envolta em seda de papel branco,
queimou na ponta os meus dedos gélidos.
Com eles do cadáver  o anel arranco,
para comprar musas e papéis pálidos.

Cadáver útil é cadáver bem morto,
que não tolda o som de minha lira doida,
que dá o anel quando estou pra voltar à razão.

Lasque-se o equilíbrio da composição.
Sobe a fumaça como música afoita,
repousa aos pés o já amarelo corpo.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 21/02/2012
Código do texto: T3512355
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