DEPOIS DO CARNAVAL

Tirei uma tampinha do meu dedo

e ele sangrou e não parava mais;

o mundo entonteceu, ficou azedo,

mas recebi socorro de um rapaz.

Olhei pro sangue e tanto foi meu medo,

que aquelas gotas me fossem mortais

e, assim, da terra, eu fosse embora cedo.

– Ninguém vai assistir meus funerais?

Mas minha alma não fugiu em gotas,

e o esvair-se não aconteceu,

– esse meu medo estúpido, ancestral.

O esparadrapo, com as bordas rotas,

esconde o corte que o dedo sofreu;

só vou olhar depois do Carnaval...

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