A aranha e o berço
O mundo é uma aranha invadindo um berço.
Onde está repousado teu sono? Ele é bem guardado?
Se a alma é uma criança que está em meu resguardo,
às vezes a aranha a envenena; é que me esqueço...
Negligencio a vigília, fico descuidado.
E a pobre criança, que é o Eu que exerço,
tem muitos de seus órgãos necrosados,
tem sobre a fronte a imagem da cruz e de um terço.
Quantas são as infelizes vitimadas pela aranha;
Suas oito patas nos cercam desde a entranha,
são vários os efeitos, do que em nós ela inocula.
Cada qual reinventa para si um antídoto,
para que a dor não torne-a um ser imoto,
um berço onde não só é enxertado peçonha,
como se acumula...