CORAÇÃO X RAZÃO


chamam-me mestre, mestre sim – da desventura;
em alicerçar mais e mais a solidão.
sei não, se já foi pedreiro meu coração,
mas sinto que ele se compraz nesta aventura.
 
não fora assim, ou fosse ele menos babão,
se exigisse da consorte menos cultura;
se somente a meiguice bastasse e a ternura,
mil balzaquianas me estariam à mão.
 
coração e alma, em desacordo com a mente,
não reparam no tempo, discutem questões,
em sonhos amam... e choram amargamente.
 
sabem-se irmãos no sentir. têm suas razões,
entre si acerbas rusgas há frequentemente.
pura é a alma; já o coração quer loucas paixões.
 
Afonso Martini
170212


Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 17/02/2012
Reeditado em 20/02/2012
Código do texto: T3504580
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