ACOMODADA

Por anos naveguei em belos sonhos

Alimentei esperas sem saber

Que condenado estava, sem querer

Qualquer dos meus esforços mais risonhos.

Ao fim que não comporta mais mudança

Irremediavelmente em desespero

Engulo a vida neste destempero

E finjo que gostei desta lambança.

Sem gosto para ousar, me acomodo

Sem muito a reclamar, abduzida

Me deixo por maré ser conduzida...

Num holocausto casto e sem engodo

Descasco amendoins, rogo um milagre

Apenas pela fé que me consagre...

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 15/02/2012
Reeditado em 15/02/2012
Código do texto: T3501711