ACOMODADA
Por anos naveguei em belos sonhos
Alimentei esperas sem saber
Que condenado estava, sem querer
Qualquer dos meus esforços mais risonhos.
Ao fim que não comporta mais mudança
Irremediavelmente em desespero
Engulo a vida neste destempero
E finjo que gostei desta lambança.
Sem gosto para ousar, me acomodo
Sem muito a reclamar, abduzida
Me deixo por maré ser conduzida...
Num holocausto casto e sem engodo
Descasco amendoins, rogo um milagre
Apenas pela fé que me consagre...