DESCENDO

Hendecassílabo à Nilza Azzi (5a, 7a e 11a)

Pelos degraus vou seguindo escorregando...

Quem sabe eu me torne um grande pé de valsa...

Decadentemente, apenas deslizando

Por antigas águas duma vida falsa!

Os elevadores caem em tom brando

Descendo as fatais cascatas numa balsa

Estilosamente, apenas inclinando...

Eu já disse, sou recente pé de valsa!

A balsa prossegue pelas velhas águas...

E como não posso nunca com as mágoas

Continuo pelo mar do retrocesso

E por desejar talvez um bom progresso

Eu vou rastejando até sobreviver

Descendo até onde não dá pra descer!