FACE OCULTA
Tal qual o lago de água clara e mansa
Que engana a todos como falso amigo,
Mostrando a superfície de esperança,
Acobertando um fundo de perigo,
O homem também parece uma criança
Cheia de vida, no calor do abrigo
A transbordar em sonhos de bonança,
Isenta de cobiça e de castigo!
Mas, o lago reflete na água clara
A boca perigosa e se escancara,
Pronta para tragar a presa inculta!
Porém, o homem engana, ilude, mente,
E esconde o bote como atroz serpente,
Mais perigoso pela sua face oculta!
Salé, janeiro de 2002