ALGO INDIZÍVEL [CCCXVII]

O meu senso prediz o que não falha:

ele esbanja do afeto as clarinadas

e, por ti, singra léguas nas estradas,

mas no amor, afinal, é onde malha.

Meu fascínio por ti não tem palavra;

faz fronteiras nos marcos do intangível

e, por tantas, calar foi-me impossível,

pois cogito albergar-te à minha lavra.

Impossível manter-me o bem oculto:

já expô-lo, a granel, me põe tumulto,

e o ruim é não dar-lhe um norte certo.

Do que passo e passei, algo indizível,

sei senti-lo, talvez nem seja crível,

diz-se amor e se esconde num deserto.

Fort., 06/02/2012.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 06/02/2012
Reeditado em 22/02/2012
Código do texto: T3483359
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