O POETA CABOCLO
Sá de Freitas
Lento se esconde o sol no horizonte,
A noite acena de mansinho à Terra;
O casebre é fincado junto à fonte,
Que amena escorre e vem do pé-da-serra.
É solidão total... Chegam da mata,
Apenas uivos de animais errantes,
Que se misturam ao canto da cascata,
Orquestrado por sapos coaxantes.
À luz da vela o moço deita e espera,
O amigo sono que não vem... E quando,
Se recorda de alguém, se desespera.
Levanta-se... É frio... Está cansado...
Senta-se à mesa tosca e vai compondo,
Um poema de amor, sem ser amado.