Ruídos
Os ruídos esgarçados de inconstância
que assombravam caminhos e esquinas,
já só piscam e tremem lamparinas
tal fossem vaga-lumes à distância.
O bairro, a rua, a casa hoje em ruínas,
agora tudo exala uma fragrância
que me volta do mais fundo da infância
em ocres diluições terebintinas.
Eu já nem mais sei ser irreverente,
foi-se a aurora e agora sou poente.
Olho no espelho e não vejo um amigo,
já não me larga a ideia recorrente
de ficar com a morte frente a frente,
abraçá-la e dizer-lhe: - Vou contigo.