REDOMA (Marco Aurelio Vieira) / VENTURA (Milla Pereira)
Flutuamos nas levezas da inocência...
Sopramos nossas juras mais sinceras
com dotes delicados de existência
em nosso amor de eternas primaveras...
Nós juntos na redoma de quimeras...
E as horas lisas, nuas, sem urgência,
minando em gotas, ninam as esperas...
Cumprindo seu destino na vertência...
Mas, gota a gota, as horas viram mares
bravios, tempestuosos, tão imanes
e levam nosso amor à tona e ao fundo!
E quebram-se as levezas salutares
da casa de quimeras ora inanes,
impondo movimento ao nosso mundo.
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Muito obrigado, minha querida Milla Pereira, por sua encantadora interação:
VENTURA
De todo este amor - na complacência
do longo tempo desta vã espera,
varando os verões e primaveras,
eu hoje clamo a dor de tua ausência.
Dos meus sentimentos, a ambivalência
que me confundiram (serão quimeras?)
Porquanto essa paixão me encarcera,
beirando os sinais da inconsciência!
Então eu me questiono: até quando,
terei este desgosto tão nefando
que as minhas entranhas contamina?
Até quando a saudade que me exorta
a cerrar vez por todas esta porta
dessa redoma que me alucina?
Milla Pereira