Amante Misteriosa
Jorge Linhaça
 
Eis que já te achegas misteriosa
Cobres a face com negro capuz
Na mão me trazes uma rubra rosa
Tal qual o sangue que escorre da cruz
 
Sei que em tudo és laboriosa
E ao teu nome sabes fazer juz
Mas não te temo a verve da prosa
Pois eu caminho na trilha da luz
 
Despe o teu manto, revala-me a face
E deixa-me ver tua lividez
Chega mais perto e despe o disfarce
 
Pois em minh'alma não há o talvez
Ah, doce dama, por mais que te amasse
Não te pedia pra ver-te outra vez