Crepuscular
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Dias passam, fugidios, como entre os dedos
Deslizam contas de rosário a fio...
No ermo cais nem vislumbre do navio
Que galga vagas negras, galga medos.
Passam noites, imersas em segredos,
Uma sensação na alma de vazio,
E sobe pela espinha um arrepio,
E geme o vento norte nos penedos.
Por vezes, nos montes, colhem-se estrelas
Que são graças celestes de donzelas
Cujas almas ascenderam aos céus.
Assim a vida passa, sem nos ver,
Tão prostrados no chão, ao entardecer,
E o sol esboça um tão lúrido adeus.