DESCONSOLO
no meu caminho os cacos que piso sobre
são espinhos da minha própria solidão.
piso descalço sobre os cacos da ilusão.
até ela esfacelou-se, por ser rota e pobre
na rota do ilusionismo da paixão
procurei carinho e só poeira me encobre;
quisera amor, esse sentimento tão nobre,
só encontrei loucura, não paz, não mansidão.
por isso me resigno, pois também sou caco
das altas honras da vida que vivi outrora
e me retraio choroso no meu barraco.
deus, oh! deus, já que não posso ver nova aurora;
porque fiz-me, eu mesmo, tão descuidado e fraco.
mereço ainda clamar por tua graça agora?
Afonso Martini
270112
no meu caminho os cacos que piso sobre
são espinhos da minha própria solidão.
piso descalço sobre os cacos da ilusão.
até ela esfacelou-se, por ser rota e pobre
na rota do ilusionismo da paixão
procurei carinho e só poeira me encobre;
quisera amor, esse sentimento tão nobre,
só encontrei loucura, não paz, não mansidão.
por isso me resigno, pois também sou caco
das altas honras da vida que vivi outrora
e me retraio choroso no meu barraco.
deus, oh! deus, já que não posso ver nova aurora;
porque fiz-me, eu mesmo, tão descuidado e fraco.
mereço ainda clamar por tua graça agora?
Afonso Martini
270112