POEMA CONDENADO
Pela rua, fica exposto, esquartejado
Meu poema sem tempero, gosto e sal
Alimento que lhe dei, fraco e minguado
Para o eterno não será, depois, letal.
Foi gerado em manhãs, chuvosas, frias
Longe, longe, da sonhada calmaria
Sem um sonho, esperança ou alegrias
Espelhando tão somente a agonia.
Fosse um címbalo ecoando pelo vento
Com certeza existir com mais assento
Seguiria pelo tempo em ousadia.
Mas só voz agonizante, quem diria
De uma dor que anuviou meu pensamento
Maculou toda beleza deste intento.