Beijo derradeiro
O barco à vela imita um catavento
que se destaca em mar azul marinho
inchando, tal e qual fronhas de linho,
brancas velas sopradas pelo vento.
Numa alquimia refeita de ressaca,
pelas redes de escamas costuradas,
surgem praias virgens e indecifradas
nesse ventar que a chuva não aplaca.
O tesouro insuspeito desse ensejo
de úmidas, quentes noites de luar,
no despertar fremente do desejo,
nos põe cegos, sem rumo a navegar,
na incessante e vã busca pelo beijo
que nosso amor sepultará no mar.