Vento Plangente
"Não gosto, quando à noite, a chuva forte
Desmancha-se em airosa ventania
Uivando pelas frestas feito morte
Varando a madrugada em agonia."
Sergio Marcio
Escuta o melindroso e atroz lamento;
Deste vento que passa tão dolente.
Já viu ele, no mundo, dor demente;
E derrama aqui pranto sonolento.
Escuta o canto lúgubre do vento,
O réquiem tão constante, atro, plangente,
Lamentando p'ra todo ser vivente;
A morte deste mundo tão languento.
Com tristíssima e suave melodia,
Chora ele, com pesar assaz profundo,
Toda tristeza vil de cada dia.
Chora também o vento, como chora,
Junto às dores e mágoas deste mundo,
A morte que, em meu peito triste, mora.