HIPOCONDRÍACA
És o que tens. Não mais do que ofereces
Na taça infame em goles de amargura.
Tua carne sangra, e em fel tu’alma mistura
O venenoso mal às tuas preces.
Misteriosa, mentes, te envaideces,
Mas finges ser um anjo de alma pura
Bebendo em verso o emplastro que não cura
A hipocondria, mal de que padeces.
E da ironia, lâmina que arde
N’alma e no corpo, dobras-te em anáfora
A repetir os males que são teus,
Com uma linguagem cínica e covarde
Atinges-me com áspera metáfora
Blasfemas quando dizes que és de Deus.
És o que tens. Não mais do que ofereces
Na taça infame em goles de amargura.
Tua carne sangra, e em fel tu’alma mistura
O venenoso mal às tuas preces.
Misteriosa, mentes, te envaideces,
Mas finges ser um anjo de alma pura
Bebendo em verso o emplastro que não cura
A hipocondria, mal de que padeces.
E da ironia, lâmina que arde
N’alma e no corpo, dobras-te em anáfora
A repetir os males que são teus,
Com uma linguagem cínica e covarde
Atinges-me com áspera metáfora
Blasfemas quando dizes que és de Deus.