SONETO DA DESPEDIDA
Se ao invés do amor, só amargura eu mereça
Quando eminente é o findar de todo encanto
Não mais te amar, nem espalhar meu canto
Melhor que a morte em meu peito adormeça
Mesmo que triste meu coração obedeça
Ordenar absorto de não sentir meu espanto
De não te ver sorrir nem colher teu pranto
Acordar-te aos beijos tão cedo amanheça
Tão súbito o fim desse amor, pareça
Ao saber que se foi assim de repente, contanto,
O alento de te ver sorrir na eternidade permaneça
Se o reluzir dos teus olhos nos meus, for apenas lembrança
E se vá ao bater a porta e nem dizer adeus, no entanto,
Perdoe meu apelo, se por um momento, minha saudade te alcança.