MAREMOTO
Dois corpos enlaçados... Somos ondas
de um mar maravilhoso, imprevisível...
Rebento-me esperando que respondas...
Razão a ver navios, impassível...
Navios que a razão salaz avista...
Levados por nós dois, em nosso ondeio...
Flutuando vacilantes na alta crista...
Navios num só curso cego e alheio...
Navios carregando alguns escravos:
Vaidades e mentiras, preconceitos...
E todos nos porões, acorrentados...
Avança um maremoto! E os naufragados
se afogam na água fértil, com seus feitos...
Razão é derretida em sais e favos...