Astro-Rei
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Do azul a fímbria, roçando a montanha,
Tingida por laivos de arrebol,
Anuncia, em glória, o raiar do sol
E o séquito dourado que o acompanha.
Já não alembra assim tal pompa tamanha.
Por domínios se arrasta o trajo real,
Em feérico, opulento ritual,
Que até, perante, a alma vil s'acanha.
Acendem-se os lagos. Nos rios vão pratas.
Pedras preciosas rolam nas cascatas
Ao som solene das trombetas reais.
Augusto, em ascensão deslumbrante,
O astro-rei, qual esférico diamante,
Ofusca o píncaro das catedrais.