A noite sem luar
Carrego cá no peito tão tácita dor
que até a Vida de mim partiu por descrença...
Como a lua, que se guarda em minha presença,
decidiu por deixar-me, sem teses expor.
A ausência do luar reflete meu ser dúbio,
de todos, lá se exibe o retrato mais núbio.
E assim, depressa, a direção toda me some
Mas se 'inda agonizo no teu palco disforme,
ah Vida… Se o devir amolda-me ao desgosto
e, entrementes, os versos deixam isso exposto,
é que temo que nada mais bela te torne...
Eis que, às súplicas, de joelhos n'um altar
meu peito arqueja; de tanto em sonhos pairar
e nada neles encontrar, morri de fome...