"O APAGAR DAS LUZES"
A indelicadeza é o prato nosso de cada dia
Pois a incerteza é o mal, e quase tudo é ironia;
A fome já não é mistério, difícil é se alimentar;
A violência é crescente, a caridade saiu do ar.
O apocalipse discutido se torna mais aparente
Pois nada motiva o Pai a estar convincente
De que a vida terrena tenha outra alternativa,
E esvaziar o universo do ser de emoção inativa.
‘Dar uma flor’ ou ‘estender a mão sem rabugice’,
‘Compartilhar do infortúnio’ e ‘respeitar a velhice’,
Mereceriam do Senhor alguma reavaliação.
Mas para Ele jamais haverá outro perdão,
Mesmo porque o seu Filho já sofreu numa Cruz,
E assim sendo só nos resta o “apagar da luz”.
(ARO. 1994)