Entre a Vida e a Morte
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Aqui no leito, entre a vida e a morte,
Leio no espaço, de estrelas cravejado,
A minha sina, escrita no passado
Por vias errantes, pela mão da sorte.
Já duma atormenta-me o hálito forte,
Os fígados expulso ao ser beijado,
Enquanto a outra, tão fresca a meu lado,
Encanta, por ser luz, por ser consorte.
Pudera afastar a morte, ao inferno!
Mas sei que um dia, em vésperas d'inverno,
Ela cometerá um crime terrível.
E assim, emparedado entre as duas,
Olho o céu de muitas e muitas luas,
E a sina, cada vez mais ilegível.